Respondentes classe baixa desempenham um papel essencial nas pesquisas de mercado, pois representam uma parcela significativa da população e revelam hábitos de consumo muitas vezes invisíveis às empresas. No entanto, com frequência, esse público é colocado em segundo plano, como se suas percepções fossem menos relevantes para a construção de estratégias de marca.
Essa postura, além de restritiva, compromete a visão do mercado como um todo e se torna arriscada para empresas que buscam crescer em um país marcado pela diversidade socioeconômica.
O peso econômico da classe baixa
De acordo com estudos recentes do IBGE, mais de 40% da população brasileira se enquadra em faixas de menor renda. Embora o poder de compra individual seja menor, o volume coletivo desse público movimenta bilhões de reais por ano em setores essenciais como alimentação, transporte, energia, habitação e serviços digitais. Além disso, esse grupo apresenta comportamentos de consumo únicos, como busca por produtos de maior durabilidade, soluções econômicas e alternativas que facilitem o dia a dia.
Por exemplo, supermercados de bairro, atacarejos e redes de farmácias populares têm registrado crescimento significativo justamente por atenderem às necessidades dos respondentes classe baixa: preços acessíveis, embalagens econômicas, promoções frequentes e proximidade geográfica. Da mesma forma, serviços digitais como bancos digitais, aplicativos de transporte e delivery surgiram para suprir demandas de praticidade, economia e flexibilidade.
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O que os respondentes classe baixa revelam?
Ao dar voz a esse público, as marcas descobrem aspectos que dificilmente surgiriam em outros recortes de pesquisa. Entre eles:
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Prioridade no consumo: em cenários de renda limitada, é possível mapear o que o consumidor considera essencial e o que pode ser substituído.
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Inovação acessível: aplicativos de entrega, bancos digitais e planos pré-pagos de telefonia nasceram da demanda por soluções flexíveis e econômicas.
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Fidelidade baseada na confiança: enquanto consumidores de maior renda podem testar várias marcas, os de menor renda tendem a ser fiéis às empresas que entregam qualidade constante a preços justos.
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Adaptação de produtos: marcas de higiene pessoal, por exemplo, criaram embalagens menores (sachês e frascos compactos) justamente após pesquisas com esse público.
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Os desafios de captar respondentes classe baixa
Apesar da relevância, incluir esse grupo em pesquisas não é tarefa simples. Entre os principais desafios estão:
- Acesso digital limitado: Nem todos têm internet estável ou dispositivos adequados, o que pode excluir parte dos respondentes classe baixa. Pesquisas híbridas ajudam a superar essa limitação.
- Tempo escasso: Muitos trabalham longas jornadas e têm pouco tempo para responder questionários, exigindo pesquisas curtas, objetivas e diretas.
- Desconfiança: Há receio em compartilhar informações quando a linguagem é técnica ou os benefícios não ficam claros. Comunicação simples e transparente aumenta a participação e a qualidade das respostas.
Nesse cenário, cabe às empresas adotar metodologias adequadas, como pesquisas presenciais em pontos de grande circulação, entrevistas rápidas por telefone ou até incentivos simples, como recargas de celular, para aumentar a taxa de resposta.
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Exemplos de sucesso
Diversas marcas já comprovaram a força dos respondentes classe baixa ao incluí-los no processo de desenvolvimento:
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Produtos de limpeza concentrados: empresas perceberam que famílias de baixa renda valorizavam economia e durabilidade, criando versões mais baratas que rendem mais lavagens.
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Planos de saúde populares: clínicas e laboratórios expandiram serviços acessíveis após entender a demanda desse público por consultas rápidas e preventivas.
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Alimentos prontos e acessíveis: redes de fast-food e supermercados regionais adaptaram cardápios e preços após pesquisas com esse perfil de consumidor.
Esses exemplos provam que ouvir quem muitas vezes é ignorado pode gerar produtos rentáveis, úteis e socialmente relevantes.
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O impacto de ouvi-los
Os respondentes classe baixa representam muito mais do que um segmento de menor poder de compra; eles atuam como protagonistas nas transformações do mercado. Ao considerar suas opiniões, as empresas **identificam padrões de consumo reais, antecipam tendências antes que se consolidem e desenvolvem soluções que combinam acessibilidade, inovação e impacto social.
Portanto, ignorar essa parcela da população significa perder a oportunidade de compreender uma das engrenagens mais relevantes da economia brasileira. Em contrapartida, incluir esse público nas pesquisas abre caminho para estratégias de negócios mais sólidas, inclusivas e sustentáveis, capazes de gerar valor tanto para as marcas quanto para a sociedade.
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